Garupeira não é carona.
Quem viaja acompanhado encurta mais o caminho", diz os versos do poeta cearense Patativa do Assaré.
Peço licença ao saudoso poeta para dele discordar e dizer que, o prazer de pilotar uma moto, seja nos pequenos passeios de fim de semana ou em longas jornadas, pode e deve ser prolongado, de preferência, pela alternativa de percurso mais distante, a depender de quem lhe acompanhe à garupa.
A garupa - não confundir com a carona ocasional e, por vezes, indesejada - é a pessoa geralmente do sexo oposto que tem algum grau de afinidade com o piloto e que não apenas lhe faz companhia, como ainda lhe dá as dicas necessárias a um bom cruzeiro, funcionando vez por outra como navegador(a).
As mulheres são invariavelmente excelentes garupeiras. A beleza física e o glamour, só, não bastam para qualificar uma garupeira. Há muito mais que se considerar nesse processo. Uma boa garupeira pode até n ão conduzir individualmente a motocicleta (algumas até são excelentes pilotos), mas, devem formar com o piloto um só corpo, dominando os procedimentos de entrada e saída das curvas e de frenagem, se comportando como se piloto fosse.
Incorpora os valores maiores do motociclismo: curte o sibilar do vento na viseira, o cheiro do mato, o colorido da paisagem e a sinuosidade do tapete preto das estradas. Uma boa garupeira jamais provoca choques entre capacetes. Algumas garupeiras por opção jamais pilotarão uma moto, o que não lhes desclassificam como motociclistas. Existem mulheres que preferem ser garupeiras sempre, até porque, segundo algumas, sem a responsabilidade da condução podem curtir mais e melhor os atrativos da viagem e o romantismo de estarem tão próximo quanto possível dos seus pares.